quinta-feira, 20 de março de 2014

Plano de aula de Hermenêutica básica - Curso de Formação de Obreiros.

PLANO DE AULA DE HERMENÊUTICA

1-      CONCEITUANDO O TERMO.
O termo “Hermenêutica” procede do verbo grego hermeneuein, usalmente traduzido por interpretar, e do substantivo hermeneia , que significa interpretação. Tanto o verbo quanto o substantivo podem significar traduzir, tradução,explicar ou explicação. Hermenêutica é a ciência que se objetiva a formular regras gerais e específicas de interpretação. É a ciência da interpretação.
2-      Breve resumo sobre Hermenêutica.
A disciplina que estuda as regras de interpretação de um texto e, portanto, no contexto teológico, a disciplina se preocupa sobretudo da interpretação bíblica. Os primeiros teólogos cristãos herdaram os métodos hermenêuticos empregados pelos hebreus e pelos gregos. Por isso, as vezes, interpretavam os textos literalmente, outras vezes, alegoricamente, da mesma maneira que intérpretes pagãos interpretavam Homero e outros poetas antigos e, às vezes, como profecia, como se fazia em alguns círculos judeus. A isso os cristãos com freqüência acrescentavam um método cristocêntrico de interpretação, a tipologia, que via, nem tanto as palavras da Escritura, como acontecimentos que se narram como sinais que apontam até seu cumprimento em Jesus Cristo. Alguns propuseram certos princípios hermenêuticos. Assim , por exemplo, Clemente de Alexandria( c. 150- c. 215) insistia em que nenhum texto bíblico deve ser interpretado de tal modo que pareça dizer algo indigno de Deus. O que Clemente queria dizer com isso era que toda linguagem antropomórfica sobre Deus devia ser interpretada em termos filosóficos. Orígenes (c. 185- c.254) e outros afirmavam que cada texto tem várias camadas de sentido, que levam do literal ao espiritual. Em geral, os alexandrinos preferiam a interpretação alegórica, enquanto que os antioquenos se inclinavam para interpretações mais literais ou tipológicas.
Durante a Idade Média tornou-se costume interpretar toda a Biblia cristológicamente. Essa tendência se fortaleceu devido ao costume de ler os textos do Antigo Testamento com base na sua relação com as diversas festas e estações do ano litúrgico, cuja estrutura é, essencialmente cristocentrica, pois celebra os principais acontecimentos na vida de Jesus.Alem disso, nos monastérios recitavam-se regularmente os Salmos, sempre em contextos cristológicos. A conseqüência disto pode ser vista no próprio Lutero, cuja experiência monástica levou a ler os Salmos como passagens referentes a Jesus e em suas relações com os crentes e com a igreja. Conforme os escolasticismo  se tornou dominante , seu método de citar autoridades, tanto a favor como contra uma postura particular, e de cita-las com freqüência fora de seu contexto, resultou em uma interpretação dos textos citados, sem ao menos considerar seu contexto literário ou histórico.
A concentração de Lutero na justificação pela fé como ferramenta hermenêutica fundamental levou a questionar o valor da epístola de Tiago. Sua posição ao papado é, com freqüência, vista em sua interpretação de muitas das passagens mais negativas de Apocalipse. Ao insistir na autoridade das Escrituras, tanto ele como os demais reformadores abriram o caminho para novas discussões sobre os princípios e a prática da Hermenêutica. Ao mesmo tempo em que declarava que a tradição não tem autoridade sobre a Biblia, Calvino insistia na interpretação tradicional de Cantares de Salomão como uma canção de amor entre Deus e a alma e considerou Sebastião Castelo (1515-63) herege, por declarar que se tratava de uma canção erótica. Tanto Lutero como Calvino entendiam que as Escrituras proporcionavam um caminho infalível e seguro até o conhecimento de Deus, mesmo que isso não queira dizer que a Biblia seja infalível em todo detalhe. O Escolasticismo protestante e também o catolicismo tridentino voltaram a prática de citar textos fora de seu contexto, e de unir textos desconectados com a finalidade de provar suas posturas. Foi isso que requereu a infalibilidade literal das Escrituras, visto que o argumento apoiado por tal uso de texto só é valido se os mesmos textos forem infaliveis,  mesmo quando são considerados fora do seu contexto. A contrapartida de tal uso da Bíblia foi o desenvolvimento dos métodos históricos e críticos da investigação moderna. Dentro desse movimento a atenção centrou sobre questões sobre quando um livro foi escrito, quais foram suas fontes, quem é seu autor e etc. Os resultados dessa investigação com freqüência contradiziam o que antes era dado certo. Ocasionalmente , tais temas atraiam a atenção de estudiosos da Biblia , a ponto de se discutir pouco sobre o que os próprios textos diziam ou significavam. Tal situação começou a mudar no começo do século XX , quando a neo-ortodoxia e outros movimentos teológicos começaram a regressar para a questão sobre o que a Biblia diz, mesmo que agora considerem os resultados da critica histórica e literária. Durante todo esse século houve um crescente interesse na interpretação dos textos e em sua pertinência para a vida da igreja e do crente. Mas isso não podia ser uma leitura inocente do texto, não so porque tal leitura contradiria o que os eruditos  haviam descoberto, mas também porque, conforme o século XX foi avançando , tornou-se cada vez mais obvio que a interpretação é sempre um dialogo entre o interprete e o texto, e que enfocar em um texto questões a partir de uma perspectiva diferente pode levar a repostas inesperadas. As diversas teologias contextuais insistem sobre este ponto, e o provam com inúmeros exemplos. Alem disso conforme a pós modernidade avança, essa questão da importância da perspectiva do leitor se tornou uma das principais preocupações da teologia hermenêutica, na qual se debatia como um texto do passado, e de uma cultura diferente, podia ser entendido e interpretado por leitores  do século XXI. Teriam os textos uma autoridade que o intérprete não pode violar? O que acontece quando diversas circunstancias levam a ver essa autoridade de modos diferente? Seria verdadeiramente possível ouvir o que o leitor quis dizer? Seria possível aproximar-se a ele? Como saberemos que o temos feito? O significado de um texto depende da resposta do leitor. Essas e muitas outras questões semelhantes tem dominado a discussão hermenêutica no final do século XX e no começo do XXI.
3-      PERGUNTAS A SEREM FEITAS AO TEXTO.

a)      Qual é a idéia central do texto em foco?
b)      Em contexto escreveu o autor?
c)       Quais são as possíveis aplicações a serem feitas com base nele?

4-      CHAVES HERMENÊUTICAS.
a)      Ler. A leitura como primeiro elemento do processo hermenêutico é geralmente denominada como processo de observação. Ela implica no processo cuidadoso e completo do texto. Quanto mais nos saturarmos do texto melhor o estudo.
b)      Interpretar.  Implica no discernimento do texto, baseado nas observações já feitas. Exige a busca pelo significado e compreensão  do sentido escrito e  transmitido pelo autor bíblico aos seus ouvintes contemporâneos.
c)       Relacionar. Esse principio aborda a necessidade de reconhecermos a inter-relação entre textos e textos na Biblia. A Biblia interpreta a própria Biblia. Também é importante abordar a relação da parte com o todo.
d)      Aplicar. Deve ser tomada como alvo de todo o estudo bíblico. A aplicação se refere à prática do que foi estudado. A ausência de aplicação revela uma tarefa incompleta e inacabada.

5-      GÊNEROS LITERÁRIOS

·         A medida que lemos de Genesis a Apocalipse,passamos por histórias, leis , poesias , sabedoria, profecia, evangelhos, epistolas e literatura apocalíptica. Quando conhecemos o estilo – gênero  da literatura que estamos lendo, podemos entende-la melhor.  Lemos história com uma postura diferente de poesia. Generos diferentes evocam expectativas e estratégias de interpretação diferentes.


6-      FIGURAS DE LINGUAGEM

·         SÍMILE.  O vocábulo símile significa semelhança. Vejamos o exemplo do Salmo 1:3,4. Parábolas e Símiles se parecem. Em linguagem mais popular, a Símile trata de uma comparação de duas coisas,ação, grupos, idéias e etc. O emprego da símile ocorre tipicamente na frase que contém “semelhante “ ou “como”, porém não é uma regra.
·         METÁFORA. É uma comparação subentendida, ou seja, aquilo que está na mente, mas não foi expresso. Na metáfora o uso das palavras “semelhante” ou “como” são dispensadas , o que a diferencia da Símile. Em Lucas 13:32 o Senhor Jesus utilizou respeitosamente o qualitativo “aquela raposa”(astuto, malvado) quando se referiu a Herodes, o que se constitui uma metáfora.Caso houvesse dito que Herodes era como uma raposa(animal) então a figura denominada seria uma símile.
·         Varias outras que em sala de aula estudaremos.


Alisson de Almeida

FONTES DE CONSULTA
A espiral Hermeneutica (Grant R. Osborn)
Lendo a Biblia com o coração e a mente ( Tremper  Longman III)
Breve dicionário de Teologia ( Justo González)

Todas as parábolas da Biblia ( Herbert Lockyer)

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