PLANO DE AULA DE HERMENÊUTICA
1- CONCEITUANDO O TERMO.
O termo “Hermenêutica” procede do verbo grego hermeneuein,
usalmente traduzido por interpretar, e do substantivo hermeneia , que significa
interpretação. Tanto o verbo quanto o substantivo podem significar traduzir,
tradução,explicar ou explicação. Hermenêutica é a ciência que se objetiva a
formular regras gerais e específicas de interpretação. É a ciência da
interpretação.
2- Breve resumo sobre Hermenêutica.
A disciplina que estuda as regras de interpretação de um
texto e, portanto, no contexto teológico, a disciplina se preocupa sobretudo da
interpretação bíblica. Os primeiros teólogos cristãos herdaram os métodos
hermenêuticos empregados pelos hebreus e pelos gregos. Por isso, as vezes,
interpretavam os textos literalmente, outras vezes, alegoricamente, da mesma
maneira que intérpretes pagãos interpretavam Homero e outros poetas antigos e,
às vezes, como profecia, como se fazia em alguns círculos judeus. A isso os
cristãos com freqüência acrescentavam um método cristocêntrico de
interpretação, a tipologia, que via, nem tanto as palavras da Escritura, como
acontecimentos que se narram como sinais que apontam até seu cumprimento em
Jesus Cristo. Alguns propuseram certos princípios hermenêuticos. Assim , por
exemplo, Clemente de Alexandria( c. 150- c. 215) insistia em que nenhum texto
bíblico deve ser interpretado de tal modo que pareça dizer algo indigno de
Deus. O que Clemente queria dizer com isso era que toda linguagem
antropomórfica sobre Deus devia ser interpretada em termos filosóficos.
Orígenes (c. 185- c.254) e outros afirmavam que cada texto tem várias camadas
de sentido, que levam do literal ao espiritual. Em geral, os alexandrinos
preferiam a interpretação alegórica, enquanto que os antioquenos se inclinavam
para interpretações mais literais ou tipológicas.
Durante a Idade Média tornou-se costume interpretar toda a
Biblia cristológicamente. Essa tendência se fortaleceu devido ao costume de ler
os textos do Antigo Testamento com base na sua relação com as diversas festas e
estações do ano litúrgico, cuja estrutura é, essencialmente cristocentrica,
pois celebra os principais acontecimentos na vida de Jesus.Alem disso, nos
monastérios recitavam-se regularmente os Salmos, sempre em contextos cristológicos.
A conseqüência disto pode ser vista no próprio Lutero, cuja experiência
monástica levou a ler os Salmos como passagens referentes a Jesus e em suas
relações com os crentes e com a igreja. Conforme os escolasticismo se tornou dominante , seu método de citar
autoridades, tanto a favor como contra uma postura particular, e de cita-las
com freqüência fora de seu contexto, resultou em uma interpretação dos textos
citados, sem ao menos considerar seu contexto literário ou histórico.
A concentração de Lutero na justificação pela fé como
ferramenta hermenêutica fundamental levou a questionar o valor da epístola de
Tiago. Sua posição ao papado é, com freqüência, vista em sua interpretação de
muitas das passagens mais negativas de Apocalipse. Ao insistir na autoridade
das Escrituras, tanto ele como os demais reformadores abriram o caminho para
novas discussões sobre os princípios e a prática da Hermenêutica. Ao mesmo
tempo em que declarava que a tradição não tem autoridade sobre a Biblia,
Calvino insistia na interpretação tradicional de Cantares de Salomão como uma
canção de amor entre Deus e a alma e considerou Sebastião Castelo (1515-63)
herege, por declarar que se tratava de uma canção erótica. Tanto Lutero como
Calvino entendiam que as Escrituras proporcionavam um caminho infalível e
seguro até o conhecimento de Deus, mesmo que isso não queira dizer que a Biblia
seja infalível em todo detalhe. O Escolasticismo protestante e também o
catolicismo tridentino voltaram a prática de citar textos fora de seu contexto,
e de unir textos desconectados com a finalidade de provar suas posturas. Foi
isso que requereu a infalibilidade literal das Escrituras, visto que o
argumento apoiado por tal uso de texto só é valido se os mesmos textos forem
infaliveis, mesmo quando são
considerados fora do seu contexto. A contrapartida de tal uso da Bíblia foi o
desenvolvimento dos métodos históricos e críticos da investigação moderna.
Dentro desse movimento a atenção centrou sobre questões sobre quando um livro
foi escrito, quais foram suas fontes, quem é seu autor e etc. Os resultados
dessa investigação com freqüência contradiziam o que antes era dado certo.
Ocasionalmente , tais temas atraiam a atenção de estudiosos da Biblia , a ponto
de se discutir pouco sobre o que os próprios textos diziam ou significavam. Tal
situação começou a mudar no começo do século XX , quando a neo-ortodoxia e
outros movimentos teológicos começaram a regressar para a questão sobre o que a
Biblia diz, mesmo que agora considerem os resultados da critica histórica e
literária. Durante todo esse século houve um crescente interesse na
interpretação dos textos e em sua pertinência para a vida da igreja e do
crente. Mas isso não podia ser uma leitura inocente do texto, não so porque tal
leitura contradiria o que os eruditos
haviam descoberto, mas também porque, conforme o século XX foi avançando
, tornou-se cada vez mais obvio que a interpretação é sempre um dialogo entre o
interprete e o texto, e que enfocar em um texto questões a partir de uma
perspectiva diferente pode levar a repostas inesperadas. As diversas teologias
contextuais insistem sobre este ponto, e o provam com inúmeros exemplos. Alem
disso conforme a pós modernidade avança, essa questão da importância da
perspectiva do leitor se tornou uma das principais preocupações da teologia
hermenêutica, na qual se debatia como um texto do passado, e de uma cultura
diferente, podia ser entendido e interpretado por leitores do século XXI. Teriam os textos uma
autoridade que o intérprete não pode violar? O que acontece quando diversas
circunstancias levam a ver essa autoridade de modos diferente? Seria
verdadeiramente possível ouvir o que o leitor quis dizer? Seria possível
aproximar-se a ele? Como saberemos que o temos feito? O significado de um texto
depende da resposta do leitor. Essas e muitas outras questões semelhantes tem
dominado a discussão hermenêutica no final do século XX e no começo do XXI.
3- PERGUNTAS A SEREM FEITAS AO TEXTO.
a)
Qual é a idéia central do texto em foco?
b)
Em contexto escreveu o autor?
c)
Quais são as possíveis aplicações a serem feitas
com base nele?
4- CHAVES HERMENÊUTICAS.
a)
Ler. A leitura como primeiro elemento do
processo hermenêutico é geralmente denominada como processo de observação. Ela
implica no processo cuidadoso e completo do texto. Quanto mais nos saturarmos
do texto melhor o estudo.
b)
Interpretar.
Implica no discernimento do texto, baseado nas observações já feitas.
Exige a busca pelo significado e compreensão
do sentido escrito e transmitido
pelo autor bíblico aos seus ouvintes contemporâneos.
c)
Relacionar. Esse principio aborda a necessidade
de reconhecermos a inter-relação entre textos e textos na Biblia. A Biblia
interpreta a própria Biblia. Também é importante abordar a relação da parte com
o todo.
d)
Aplicar. Deve ser tomada como alvo de todo o
estudo bíblico. A aplicação se refere à prática do que foi estudado. A ausência
de aplicação revela uma tarefa incompleta e inacabada.
5- GÊNEROS LITERÁRIOS
·
A medida que lemos de Genesis a
Apocalipse,passamos por histórias, leis , poesias , sabedoria, profecia,
evangelhos, epistolas e literatura apocalíptica. Quando conhecemos o estilo –
gênero da literatura que estamos lendo,
podemos entende-la melhor. Lemos história
com uma postura diferente de poesia. Generos diferentes evocam expectativas e
estratégias de interpretação diferentes.
6- FIGURAS DE LINGUAGEM
·
SÍMILE. O
vocábulo símile significa semelhança. Vejamos o exemplo do Salmo 1:3,4.
Parábolas e Símiles se parecem. Em linguagem mais popular, a Símile trata de
uma comparação de duas coisas,ação, grupos, idéias e etc. O emprego da símile
ocorre tipicamente na frase que contém “semelhante “ ou “como”, porém não é uma
regra.
·
METÁFORA. É uma comparação subentendida, ou
seja, aquilo que está na mente, mas não foi expresso. Na metáfora o uso das
palavras “semelhante” ou “como” são dispensadas , o que a diferencia da Símile.
Em Lucas 13:32 o Senhor Jesus utilizou respeitosamente o qualitativo “aquela
raposa”(astuto, malvado) quando se referiu a Herodes, o que se constitui uma
metáfora.Caso houvesse dito que Herodes era como uma raposa(animal) então a
figura denominada seria uma símile.
·
Varias outras que em sala de aula estudaremos.
Alisson de Almeida
FONTES DE CONSULTA
A espiral Hermeneutica (Grant R. Osborn)
Lendo a Biblia com o coração e a mente ( Tremper Longman III)
Breve dicionário de Teologia ( Justo González)
Todas as parábolas da Biblia ( Herbert Lockyer)
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