terça-feira, 18 de março de 2014

Plano de aula de Eclesiologia - Curso de Formação de Obreiros

Plano de aula de Eclesiologia
Objetivos:
·         Conhecer um pouco sobre a natureza da igreja.
·         Um pouco sobre o seu início.
·         Abordar  acerca da importância dos Sacramentos ou ordenanças.
·         Apresentar o Governo da Igreja sob a ótica bíblica.
·         Falar sobre sua missão primordial.

1-      CONCEITUANDO ECLESIOLOGIA

a)      Etmológica: Do Gr. Ekklesía logos ou seja, “um tratado sobre a igreja”.
b)      Extensiva: É um estudo  da Bíblia voltado para a igreja, nos seus problemas e deveres, cuja finalidade precípua é levar as igrejas a um ajustamento perfeito aos postulados da Palavra de Deus, proporcionando o crescimento dos rebanhos do Senhor. O “Manual  das igrejas é a Bíblia toda sem reservas. Dentro da Palavra de Deus destacamos dois livros – 1 e 2 Coríntios – que de modo particular tratam diretamente da Eclesiologia. A esses acrescentamos Atos dos Apóstolos, Efésios, 1Timóteo e Tito.

2-      BREVE RESUMO SOBRE A IGREJA.

Aquela parte da teologia que se refere à igreja e sua natureza ( em alguns círculos, usa-se o mesmo termo para se referir à arte de desenhar e decorar igrejas). A palavra “eclesiologia” deriva do grego Ekklesia e de sua transliteração latina, ecclesia. O termo grego originalmente se referia a qualquer assembléia  que fosse convocada – por exemplo, a assembléia dos cidadãos atenienses – mas em círculos cristãos começou a ser utilizada unicamente par o corpo dos crentes.
No Novo Testamento não existe uma eclesiologia como tal. Mas se utilizam muitas imagens para descrever a igreja, e cada uma delas sublinha um ou vários aspectos da realidade eclesiástica – corpo de Cristo, esposa de Cristo, povo de Deus,arca da salvação, edifício de Deus, sacerdócio real, vinha do Senhor , etc. Todas essas são referencias , assim como o testemunho do Novo Testamento, que indicam que a igreja é elemento fundamental do evangelho cristão, cuja proclamação fica incompleta se não convida as pessoas a se unirem ao corpo de crentes. Durante a era patrística , as muitas controvérsias teológicas, e particularmente a necessidade de responder aos desafios do gnosticismo e do “marcionismo” levaram a uma ênfase crescente sobre a autoridade da igreja. Dali surgiu a doutrina da sucessão apostólica, e a ênfase sobre a apostolicidade, unicidade e catolicidade como sinais ou marcas da igreja. Assim, no século III, Cipriano declarou que não há salvação fora da igreja, e que não é possível ter Deus por Pai  ser ter a igreja por mãe – afirmações que tanto Lutero como Calvino mais tarde citaram e aprovaram. Naquela época , já havia debates entre os cristãos sobre a pureza da igreja, e esses debates se tornaram mais agressivos no século IV( Novacianismo; Donatismo). Como resultado deles , a santidade também ficou definida e declarada como um dos sinais da igreja. Depois enquanto o credo original de Nicéia afirmava simplemente a fé no Espirito Santo, ao texto que foi emendado em Constatinopla no ano de 381 acrescenta-se “ e a igreja una , santa, católica e apostólica”.
Um dos temas constantes na eclesiologia tem sido a relação entre a igreja como corpo de crentes em um lugar particular – como no caso da “igreja de Laodicéia” ou a “Primeira Igreja Metodista” – a igreja como corpo nacional ou internacional – como a “Igreja da Inglaterra” ou a “Igreja Presbiteriana” – e a igreja como corpo de todos os crentes – “a una , santa, católica e apostólica”. Fica claro que a igreja una, santa, católica e apostólica existe na terra somente em sua encarnação em congregações locais, em organizações eclesiásticas, denominações e etc. Mas somente algumas denominações mais dogmáticas e exclusivistas pretendem que elas, e somente elas, sejam a igreja de Jesus Cristo. Como então,relacionam-se esses diversos “níveis” ou encarnações da igreja entre si e com o Corpo de Cristo, que obviamente é um só¿
Uma opinião tem sido bastante comum desde os tempos de Agostinho ( 354 – 430), e que serve de resposta parcial a essa ultima pergunta, é a distinção entre igreja visível e invisível. Nessa distinção , a igreja invisível, que segundo a maioria dos teólogos  somente Deus conhece, é a companhia de todos os que devem ser salvos. A igreja invisível é a comunidade terrena na qual os membros da igreja invisível são convocados pelo Espírito Santo,mas na qual o trigo e o joio permanecem misturados. No caso do próprio Agostinho, essa distinção não pretendia diminuir a importância da igreja e de suas estruturas, mas ao contrario: o que se pretendia era sustentar a autoridade e importância da igreja visível ainda em meio as suas imperfeições. Mas posteriormente outros utilizaram a mesma distinção para declarar que a igreja visível tem pouca ou nenhuma importância , que é possível abandoná-la sem temor algum, visto que no final das contas eles são membros da igreja invisível.
Outro ponto de desacordo em questões eclesiológicas tem sido a relação entre a natureza da igreja e eu governo. Desde muito cedo, houve na igreja dirigentes que recebiam os títulos de bispos, presbíteros ou anciãos(sacerdócio) e diáconos. Mesmo que durante algum tempo um presbítero fosse o mesmo que um Bispo, no século II já existia a hierarquia tripartida de bispos, presbíteros e diáconos. Porém , isso não quer dizer que a igreja fosse uma hierarquia, mas simplesmente que tinha um sistema de governo hierárquico. Durante a idade Média uma visão altamente hierárquica de toda a criação levou também,  a uma visão hierárquica da igreja, de tal modo que a própria igreja consistia em uma hierarquia. Como qualquer hierarquia , os membros inferiores derivam sua autoridade, e ate sua existência dos superiores. Isso levou a tal ponto que era comum falar da “igreja” como o clero, e particularmente os altos níveis do mesmo, como se os leigos não fossem a igreja. No século XX, esses extremos foram moderados pelo Segundo Concílio Vaticano ao se referir a igreja como o povo peregrino de Deus e ao afirmar o sacerdócio de todos os crentes. Em contraste com tal visão hierárquica da igreja, outros afirmaram que a igreja é o corpo dos crentes, e que é nele que a autoridade reside. Tal foi a postura do conciliarismo do final do medievo, e tem sido a posição que prevalece em muitas igrejas protestantes, onde se afirma que em ultima instancia , a autoridade reside nos crentes. No século XVI, os reformadores – particularmente Lutero e Calvino – insistiram que o que constitui a igreja não é nem sua hierarquia nem seus membros, mas a Palavra de Deus, com isso queriam dizer a Palavra pregada no púlpito e demonstrada nos sacramentos. Por isso a afirmação de Calvino que” em toda a parte vemos a Palavra puramente pregada e ouvida, e os sacramentos administrados segundo a instituição de Cristo, ali, sem duvida alguma , existe uma igreja de Deus”.


3-      SACRAMENTOS OU ORDENANÇAS

Vejamos de forma resumida as posições de alguns compêndios de Teologia Sistemática.
a)      TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO( Donald Guthrie) – As Ordenanças.
É importante verificar se os evangelhos sinóticos dão alguma indicação de que Jesus planejou que a comunidade de seus seguidores tivesse algum modelo de observâncias religiosas em relação ao Batismo e à Ceia do Senhor. As observâncias são, às vezes, chamadas de ordenanças e , às vezes, de sacramentos. A primeira forma tem sido preferida, mas não há diferença de significado entre elas. O que é básico para essas observâncias é o fato de que elas são ritos prescritos dentro da igreja cristã. A palavra “ordenança” claramente expressa esse sentido.
b)       TEOLOGIA SISTEMÁTICA(Franklin Ferreira e Alan Myatt).
A igreja é caracterizada pela administração das ordenanças. Faremos bem em ter diante de nós o que John  Stott afirmou sobre ordenanças: “As igrejas protestantes tradicionalmente tem-se referido ao batismo e à Ceia do Senhor como “sacramentos do evangelho”(pois dramatizam as verdades centrais das boas-novas) ou “sacramentos da graça”(pois apresentam de modo visível a graciosa iniciativa salvadora). O movimento primário que os sacramentos do evangelho envolvem é de Deus para o homem, não do homem para Deus. Como ele enfatiza, “não nos batizamos a nós mesmos”. Submetemo-nos ao batismo. E mais: “Não administramos(ou não deveríamos administrar) os elementos(da ceia do Senhor) a nós mesmos. Eles nos são dados; nós os recebemos”. Podemos concluir que “em ambos os sacramentos somos mais ou menos passivos, recipientes e não doadores,beneficiários e não benfeitores”. Por isso, as ordenanças são sinais visíveis de uma graça invisível, tendo dois elementos principais: O sinal visível e a graça invisível.
c)       TEOLOGIA SISTEMÁTICA, HISTÓRICA E FILOSÓFICA(Alister E. McGrath).
O Novo Testamento não utiliza especificamente o termo sacramento. Em vez disso encontramos a palavra grega ‘mysterion’(que é traduzida como “mistério”), usada em geral como referencia a obra redentora de Deus. Esta palavra grega nunca é usada como referencia a algo que hoje consideraríamos como sacramento(por exemplo, o batismo). No entanto, fica claro, a partir do que sabemos da história da igreja primitiva, que houve uma ligação, bem a princípio, entre o “mistério”da obra redentora de Deus em Cristo e os “sacramentos” do batismo e da eucaristia.
Em geral , Agostinho é considerado como aquele que estabeleceu os princípios gerais relativos à definição dos sacramentos. Os princípios são os seguintes:
·         O Sacramento é um sinal.”Os sinais, quando relacionados às coisas divinas, são chamados sacramentos”.
·         O sinal deve guardar alguma relação com aquilo que ele representa.”Se os sacramentos não guardassem certa semelhança com as coisas que representam, não seriam absolutamente sacramentos”.
·         Parafraseando a conclusão do autor sobre a temática abordada ele sintetiza por meio de tópicos dizendo que os sacramentos fortalecem a fé, intensificam a unidade e o compromisso da igreja e renovam nossa confiança nas promessas de Deus.


4-      O GOVERNO DA IGREJA

a)      Conceituando.
Segundo o Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa – Mirador Internacional: “Governo vem a ser o efeito de governar”. Nada menos de 12 acepções e oito gêneros, entre eles o “eclesiástico” ou “espiritual”.
A palavra governo significa: governo, direção por um piloto(administração pastoral) e etc.
Nossa compreensão do governo da igreja de Cristo deve começar com o próprio Senhor e a autoridade de seu reino. Ele é o Cabeça da igreja: seu domínio é único e imcomparável. Todo governo na igreja é mordomia, ou seja, seus líderes são servos administradores, que usam sua autoridade somente para defender os interesses daqueles que representam e servem.
Como o reino salvador de Cristo é espiritual, e não temporal, o poder dado à igreja deve ser também espiritual. O governo da igreja não pode usar sanções políticas nem força física.(Jo 18:36,37; Mt 22:16-21;2Cor 10:3-6). A autoridade da igreja , fundamentada na Palavra de Cristo, também é limitada a essa Palavra. A obediência cristã ao governo da igreja é obediência ao Senhor, pois sua Palavra governa a igreja.A liberdade consciente de desobedecer é legítima se o governo da igreja ordenar qualquer coisa que seja claramente contrária à Palavra.

b)      TEOLOGIA SISTEMÁTICA ATUAL E EXAUSTIVA(Wayne Grudem) O Governo da Igreja.
As igreja s hoje têm muitas diferentes formas de governo. A igreja Católica Romana tem um governo mundial sob a autoridade do papa. As igrejas episcopais tem bispos com autoridade regional e , acima deles, arcebispos. As igrejas presbiterianas dão autoridade regional aos presbitérios e autoridade nacional aos concílios. Todavia , as igrejas batistas e muitas outras igrejas independentes não têm autoridade oficial de governo alem da congregação local, e a filiação a outras denominações é voluntária.
OS OFICIAIS DA IGREJA
Um oficial da igreja é alguém publicamente reconhecido como detentor do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja.
·         Apostolos
Segundo  Grudem, os apóstolos do Novo Testamento tinham um tipo singular de autoridade na igreja primitiva. Autoridade para falar e escrever palavras que se tornaram palavras da Biblia. Hoje alguns usam a palavra apóstolo em um sentido muito amplo para se referir a um fundador de igrejas eficaz ou a um missionário pioneiro de destaque(por exemplo , “William Carey foi um apostolo para a India”). Se usássemos a palavra nesse sentido amplo, todos concordariam que há apóstolos ainda hoje – porque certamente temos missionários atuantes e fundadores de igrejas. Mas há outro sentido para a palavra apóstolo. Com freqüência muito maior no Novo Testamento refere-se a um oficio especial, “apostolo de Jesus Cristo”. Nesse sentido estrito do termo, não há apostolo hoje, e não devemos esperar mais nenhum apostolo.
a)      Qualificações de um apostolo.
·         Ter visto Jesus após sua ressurreição(Ser testemunha ocular da ressurreição)
·         Ter sido especificamente comissionado por Cristo como seu apóstolo.
Resumindo, a palavra apóstolo pode ser usada em um sentido amplo ou restrito. Em sentido amplo ela significa “mensageiro” ou “missionário pioneiro”. Mas em sentido restrito, que é o mais comum no Novo Testamento, refere-se a um ofício especifico, “apostolo de Jesus Cristo”. Esses apóstolos tinham autoridade única para fundar e liderar a igreja primitiva e podiam falar e escrever a palavra de Deus. Muitas de suas  palavras tornaram-se as Escrituras do Novo Testamento.
·         Presbítero (Pastores,Bispos)
Eram o principal grupo de liderança das igrejas neo-testamentárias. É observada de acordo com o Novo Testamento a pluralidade de presbíteros em cada igreja e em cada cidade.Presbíteros são chamados “pastores “ ou “bispos” no Novo Testamento. A palavra menos usada na forma substantiva é pastor.(Gr. Poimen). Uma das principais funções do Presbítero era  dirigir as igrejas do Novo Testamento. Também tinham responsabilidade no ensino da igreja. Suas qualificações encontram-se em 1Tm 3:2-7 e Tt 1:6-9 , basicamente.
·         Diácono
A Palavra diácono é tradução da palavra grega diakonos, que é o termo comum que se traduz por “servo”, quando usado em contextos não eclesiásticos. Vale a pena salientar que prioritariamente não é função do diácono liderar, como os presbíteros. Não se exige que sejam capazes de ensinar a Biblia ou a sã doutrina.

FORMAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

Fica evidente que as formas de governo da igreja podem ser divididas em três grandes categorias, que podemos chamar de “episcopal”, “presbiteriana” e “ congregacional”.
·         Episcopal
No sistema episcopal um arcebispo tem autoridade sobre muitos bispos. Estes por sua vez tem autoridade sobre uma diocese, o que significa simplesmente igrejas sob a jurisdição de um bispo.
·         Presbiteriano
Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para um conselho. O pastor da igreja é um dos presbíteros do conselho,  com a mesma autoridade dos outros presbíteros. Esse conselho tem autoridade para dirigir a igreja local.
·         Congregacional
Um único presbítero ou pastor.

5-      A MISSÃO DA IGREJA
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO(Donald Guthrie).
Jesus tinha em mente uma comunidade que ensinaria seus mandamentos, seria unida por uma lealdade comum a Cristo, representada pelo batismo, e consideraria sua responsabilidade ir além de seu círculo imediato e acrescentar outras pessoas ao seu numero, independente da nacionalidade. Foi uma visão  surpreendente, para um grupo de discípulos judeus, a aceitação desse conceito como possível  e até como desejável. A igreja primitiva não desenvolveu por livre iniciativa uma comunidade evangelística. Ela recebeu um mandamento do Senhor ressurreto que não podia ser ignorado. Ele deu muitas indicações acerca da organização eclesiástica , mas não deixou  duvida de quais deveriam ser os principais objetivos da comunidade de seus seguidores. A idéia de uma comunidade fechada, introspectiva, não encontra  apoio em seu ensino. A mensagem confiada aos seus discípulos deveria se espalhar por todo o mundo.

LIVROS CONSULTADOS

Teologia do Novo Testamento- Donald Guthrie
Teologia Sistemática- Louis Berkhof
Teologia Sistemática- Alister E. McGrath
Teologia Sistemática- Franklin Ferreira e Alan Myat
Teologia Sistemática- Wayne Grudem
Eclesiologia- Enéas Tognini
A igreja- Edmund Clowney
Dicionário Teológico- Claudionor Correa de Andrade
Breve dicionário de Teologia- Justo González




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