Plano de aula de Eclesiologia
Objetivos:
·
Conhecer um pouco sobre a natureza da igreja.
·
Um pouco sobre o seu início.
·
Abordar
acerca da importância dos Sacramentos ou ordenanças.
·
Apresentar o Governo da Igreja sob a ótica
bíblica.
·
Falar sobre sua missão primordial.
1- CONCEITUANDO ECLESIOLOGIA
a)
Etmológica: Do Gr. Ekklesía logos ou seja, “um
tratado sobre a igreja”.
b)
Extensiva: É um estudo da Bíblia voltado para a igreja, nos seus
problemas e deveres, cuja finalidade precípua é levar as igrejas a um ajustamento
perfeito aos postulados da Palavra de Deus, proporcionando o crescimento dos
rebanhos do Senhor. O “Manual das
igrejas é a Bíblia toda sem reservas. Dentro da Palavra de Deus destacamos dois
livros – 1 e 2 Coríntios – que de modo particular tratam diretamente da
Eclesiologia. A esses acrescentamos Atos dos Apóstolos, Efésios, 1Timóteo e
Tito.
2- BREVE RESUMO SOBRE A IGREJA.
Aquela parte da teologia que se refere à
igreja e sua natureza ( em alguns círculos, usa-se o mesmo termo para se
referir à arte de desenhar e decorar igrejas). A palavra “eclesiologia” deriva
do grego Ekklesia e de sua transliteração latina, ecclesia. O termo grego
originalmente se referia a qualquer assembléia
que fosse convocada – por exemplo, a assembléia dos cidadãos atenienses –
mas em círculos cristãos começou a ser utilizada unicamente par o corpo dos
crentes.
No Novo Testamento não existe uma
eclesiologia como tal. Mas se utilizam muitas imagens para descrever a igreja,
e cada uma delas sublinha um ou vários aspectos da realidade eclesiástica –
corpo de Cristo, esposa de Cristo, povo de Deus,arca da salvação, edifício de
Deus, sacerdócio real, vinha do Senhor , etc. Todas essas são referencias ,
assim como o testemunho do Novo Testamento, que indicam que a igreja é elemento
fundamental do evangelho cristão, cuja proclamação fica incompleta se não
convida as pessoas a se unirem ao corpo de crentes. Durante a era patrística ,
as muitas controvérsias teológicas, e particularmente a necessidade de
responder aos desafios do gnosticismo e do “marcionismo” levaram a uma ênfase
crescente sobre a autoridade da igreja. Dali surgiu a doutrina da sucessão
apostólica, e a ênfase sobre a apostolicidade, unicidade e catolicidade como
sinais ou marcas da igreja. Assim, no século III, Cipriano declarou que não há
salvação fora da igreja, e que não é possível ter Deus por Pai ser ter a igreja por mãe – afirmações que
tanto Lutero como Calvino mais tarde citaram e aprovaram. Naquela época , já
havia debates entre os cristãos sobre a pureza da igreja, e esses debates se
tornaram mais agressivos no século IV( Novacianismo; Donatismo). Como resultado
deles , a santidade também ficou definida e declarada como um dos sinais da
igreja. Depois enquanto o credo original de Nicéia afirmava simplemente a fé no
Espirito Santo, ao texto que foi emendado em Constatinopla no ano de 381
acrescenta-se “ e a igreja una , santa, católica e apostólica”.
Um dos temas constantes na eclesiologia tem
sido a relação entre a igreja como corpo de crentes em um lugar particular –
como no caso da “igreja de Laodicéia” ou a “Primeira Igreja Metodista” – a
igreja como corpo nacional ou internacional – como a “Igreja da Inglaterra” ou
a “Igreja Presbiteriana” – e a igreja como corpo de todos os crentes – “a una ,
santa, católica e apostólica”. Fica claro que a igreja una, santa, católica e
apostólica existe na terra somente em sua encarnação em congregações locais, em
organizações eclesiásticas, denominações e etc. Mas somente algumas
denominações mais dogmáticas e exclusivistas pretendem que elas, e somente
elas, sejam a igreja de Jesus Cristo. Como então,relacionam-se esses diversos
“níveis” ou encarnações da igreja entre si e com o Corpo de Cristo, que
obviamente é um só¿
Uma opinião tem sido bastante comum desde
os tempos de Agostinho ( 354 – 430), e que serve de resposta parcial a essa
ultima pergunta, é a distinção entre igreja visível e invisível. Nessa
distinção , a igreja invisível, que segundo a maioria dos teólogos somente Deus conhece, é a companhia de todos
os que devem ser salvos. A igreja invisível é a comunidade terrena na qual os
membros da igreja invisível são convocados pelo Espírito Santo,mas na qual o
trigo e o joio permanecem misturados. No caso do próprio Agostinho, essa
distinção não pretendia diminuir a importância da igreja e de suas estruturas,
mas ao contrario: o que se pretendia era sustentar a autoridade e importância
da igreja visível ainda em meio as suas imperfeições. Mas posteriormente outros
utilizaram a mesma distinção para declarar que a igreja visível tem pouca ou
nenhuma importância , que é possível abandoná-la sem temor algum, visto que no
final das contas eles são membros da igreja invisível.
Outro ponto de desacordo em questões
eclesiológicas tem sido a relação entre a natureza da igreja e eu governo.
Desde muito cedo, houve na igreja dirigentes que recebiam os títulos de bispos,
presbíteros ou anciãos(sacerdócio) e diáconos. Mesmo que durante algum tempo um
presbítero fosse o mesmo que um Bispo, no século II já existia a hierarquia
tripartida de bispos, presbíteros e diáconos. Porém , isso não quer dizer que a
igreja fosse uma hierarquia, mas simplesmente que tinha um sistema de governo
hierárquico. Durante a idade Média uma visão altamente hierárquica de toda a
criação levou também, a uma visão
hierárquica da igreja, de tal modo que a própria igreja consistia em uma
hierarquia. Como qualquer hierarquia , os membros inferiores derivam sua
autoridade, e ate sua existência dos superiores. Isso levou a tal ponto que era
comum falar da “igreja” como o clero, e particularmente os altos níveis do
mesmo, como se os leigos não fossem a igreja. No século XX, esses extremos
foram moderados pelo Segundo Concílio Vaticano ao se referir a igreja como o
povo peregrino de Deus e ao afirmar o sacerdócio de todos os crentes. Em
contraste com tal visão hierárquica da igreja, outros afirmaram que a igreja é
o corpo dos crentes, e que é nele que a autoridade reside. Tal foi a postura do
conciliarismo do final do medievo, e tem sido a posição que prevalece em muitas
igrejas protestantes, onde se afirma que em ultima instancia , a autoridade
reside nos crentes. No século XVI, os reformadores – particularmente Lutero e
Calvino – insistiram que o que constitui a igreja não é nem sua hierarquia nem
seus membros, mas a Palavra de Deus, com isso queriam dizer a Palavra pregada
no púlpito e demonstrada nos sacramentos. Por isso a afirmação de Calvino que”
em toda a parte vemos a Palavra puramente pregada e ouvida, e os sacramentos
administrados segundo a instituição de Cristo, ali, sem duvida alguma , existe
uma igreja de Deus”.
3- SACRAMENTOS OU ORDENANÇAS
Vejamos de forma
resumida as posições de alguns compêndios de Teologia Sistemática.
a)
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO( Donald Guthrie) –
As Ordenanças.
É importante verificar se os evangelhos sinóticos dão alguma
indicação de que Jesus planejou que a comunidade de seus seguidores tivesse
algum modelo de observâncias religiosas em relação ao Batismo e à Ceia do
Senhor. As observâncias são, às vezes, chamadas de ordenanças e , às vezes, de
sacramentos. A primeira forma tem sido preferida, mas não há diferença de
significado entre elas. O que é básico para essas observâncias é o fato de que
elas são ritos prescritos dentro da igreja cristã. A palavra “ordenança”
claramente expressa esse sentido.
b)
TEOLOGIA
SISTEMÁTICA(Franklin Ferreira e Alan Myatt).
A igreja é caracterizada pela administração das ordenanças.
Faremos bem em ter diante de nós o que John
Stott afirmou sobre ordenanças: “As igrejas protestantes tradicionalmente
tem-se referido ao batismo e à Ceia do Senhor como “sacramentos do
evangelho”(pois dramatizam as verdades centrais das boas-novas) ou “sacramentos
da graça”(pois apresentam de modo visível a graciosa iniciativa salvadora). O
movimento primário que os sacramentos do evangelho envolvem é de Deus para o
homem, não do homem para Deus. Como ele enfatiza, “não nos batizamos a nós
mesmos”. Submetemo-nos ao batismo. E mais: “Não administramos(ou não deveríamos
administrar) os elementos(da ceia do Senhor) a nós mesmos. Eles nos são dados;
nós os recebemos”. Podemos concluir que “em ambos os sacramentos somos mais ou
menos passivos, recipientes e não doadores,beneficiários e não benfeitores”.
Por isso, as ordenanças são sinais visíveis de uma graça invisível, tendo dois
elementos principais: O sinal visível e a graça invisível.
c)
TEOLOGIA SISTEMÁTICA, HISTÓRICA E
FILOSÓFICA(Alister E. McGrath).
O Novo Testamento não utiliza especificamente o termo
sacramento. Em vez disso encontramos a palavra grega ‘mysterion’(que é
traduzida como “mistério”), usada em geral como referencia a obra redentora de
Deus. Esta palavra grega nunca é usada como referencia a algo que hoje
consideraríamos como sacramento(por exemplo, o batismo). No entanto, fica
claro, a partir do que sabemos da história da igreja primitiva, que houve uma
ligação, bem a princípio, entre o “mistério”da obra redentora de Deus em Cristo
e os “sacramentos” do batismo e da eucaristia.
Em geral , Agostinho é considerado como aquele que
estabeleceu os princípios gerais relativos à definição dos sacramentos. Os
princípios são os seguintes:
·
O Sacramento é um sinal.”Os sinais, quando
relacionados às coisas divinas, são chamados sacramentos”.
·
O sinal deve guardar alguma relação com aquilo
que ele representa.”Se os sacramentos não guardassem certa semelhança com as
coisas que representam, não seriam absolutamente sacramentos”.
·
Parafraseando a conclusão do autor sobre a
temática abordada ele sintetiza por meio de tópicos dizendo que os sacramentos
fortalecem a fé, intensificam a unidade e o compromisso da igreja e renovam
nossa confiança nas promessas de Deus.
4- O GOVERNO DA IGREJA
a)
Conceituando.
Segundo o Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa –
Mirador Internacional: “Governo vem a ser o efeito de governar”. Nada menos de
12 acepções e oito gêneros, entre eles o “eclesiástico” ou “espiritual”.
A palavra governo significa: governo, direção por um
piloto(administração pastoral) e etc.
Nossa compreensão do governo da igreja de Cristo deve
começar com o próprio Senhor e a autoridade de seu reino. Ele é o Cabeça da
igreja: seu domínio é único e imcomparável. Todo governo na igreja é mordomia,
ou seja, seus líderes são servos administradores, que usam sua autoridade
somente para defender os interesses daqueles que representam e servem.
Como o reino salvador de Cristo é espiritual, e não
temporal, o poder dado à igreja deve ser também espiritual. O governo da igreja
não pode usar sanções políticas nem força física.(Jo 18:36,37; Mt 22:16-21;2Cor
10:3-6). A autoridade da igreja , fundamentada na Palavra de Cristo, também é
limitada a essa Palavra. A obediência cristã ao governo da igreja é obediência
ao Senhor, pois sua Palavra governa a igreja.A liberdade consciente de
desobedecer é legítima se o governo da igreja ordenar qualquer coisa que seja
claramente contrária à Palavra.
b)
TEOLOGIA SISTEMÁTICA ATUAL E EXAUSTIVA(Wayne
Grudem) O Governo da Igreja.
As igreja s hoje têm muitas diferentes formas de governo. A
igreja Católica Romana tem um governo mundial sob a autoridade do papa. As
igrejas episcopais tem bispos com autoridade regional e , acima deles,
arcebispos. As igrejas presbiterianas dão autoridade regional aos presbitérios
e autoridade nacional aos concílios. Todavia , as igrejas batistas e muitas
outras igrejas independentes não têm autoridade oficial de governo alem da
congregação local, e a filiação a outras denominações é voluntária.
OS OFICIAIS DA IGREJA
Um oficial da igreja é alguém publicamente reconhecido como
detentor do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o
benefício de toda a igreja.
·
Apostolos
Segundo Grudem, os
apóstolos do Novo Testamento tinham um tipo singular de autoridade na igreja
primitiva. Autoridade para falar e escrever palavras que se tornaram palavras
da Biblia. Hoje alguns usam a palavra apóstolo em um sentido muito amplo para
se referir a um fundador de igrejas eficaz ou a um missionário pioneiro de
destaque(por exemplo , “William Carey foi um apostolo para a India”). Se
usássemos a palavra nesse sentido amplo, todos concordariam que há apóstolos
ainda hoje – porque certamente temos missionários atuantes e fundadores de
igrejas. Mas há outro sentido para a palavra apóstolo. Com freqüência muito
maior no Novo Testamento refere-se a um oficio especial, “apostolo de Jesus
Cristo”. Nesse sentido estrito do termo, não há apostolo hoje, e não devemos
esperar mais nenhum apostolo.
a)
Qualificações de um apostolo.
·
Ter visto Jesus após sua ressurreição(Ser
testemunha ocular da ressurreição)
·
Ter sido especificamente comissionado por Cristo
como seu apóstolo.
Resumindo, a palavra apóstolo pode ser usada em um sentido
amplo ou restrito. Em sentido amplo ela significa “mensageiro” ou “missionário
pioneiro”. Mas em sentido restrito, que é o mais comum no Novo Testamento,
refere-se a um ofício especifico, “apostolo de Jesus Cristo”. Esses apóstolos
tinham autoridade única para fundar e liderar a igreja primitiva e podiam falar
e escrever a palavra de Deus. Muitas de suas
palavras tornaram-se as Escrituras do Novo Testamento.
·
Presbítero (Pastores,Bispos)
Eram o principal grupo de liderança das igrejas
neo-testamentárias. É observada de acordo com o Novo Testamento a pluralidade
de presbíteros em cada igreja e em cada cidade.Presbíteros são chamados
“pastores “ ou “bispos” no Novo Testamento. A palavra menos usada na forma
substantiva é pastor.(Gr. Poimen). Uma das principais funções do Presbítero
era dirigir as igrejas do Novo
Testamento. Também tinham responsabilidade no ensino da igreja. Suas
qualificações encontram-se em 1Tm 3:2-7 e Tt 1:6-9 , basicamente.
·
Diácono
A Palavra diácono é tradução da palavra grega diakonos, que
é o termo comum que se traduz por “servo”, quando usado em contextos não
eclesiásticos. Vale a pena salientar que prioritariamente não é função do
diácono liderar, como os presbíteros. Não se exige que sejam capazes de ensinar
a Biblia ou a sã doutrina.
FORMAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO
Fica evidente que as formas de governo da igreja podem ser
divididas em três grandes categorias, que podemos chamar de “episcopal”,
“presbiteriana” e “ congregacional”.
·
Episcopal
No sistema episcopal um arcebispo tem autoridade sobre
muitos bispos. Estes por sua vez tem autoridade sobre uma diocese, o que
significa simplesmente igrejas sob a jurisdição de um bispo.
·
Presbiteriano
Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para um
conselho. O pastor da igreja é um dos presbíteros do conselho, com a mesma autoridade dos outros
presbíteros. Esse conselho tem autoridade para dirigir a igreja local.
·
Congregacional
Um único presbítero ou pastor.
5-
A MISSÃO DA IGREJA
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO(Donald Guthrie).
Jesus tinha em mente uma comunidade que ensinaria seus
mandamentos, seria unida por uma lealdade comum a Cristo, representada pelo
batismo, e consideraria sua responsabilidade ir além de seu círculo imediato e
acrescentar outras pessoas ao seu numero, independente da nacionalidade. Foi
uma visão surpreendente, para um grupo
de discípulos judeus, a aceitação desse conceito como possível e até como desejável. A igreja primitiva não
desenvolveu por livre iniciativa uma comunidade evangelística. Ela recebeu um
mandamento do Senhor ressurreto que não podia ser ignorado. Ele deu muitas
indicações acerca da organização eclesiástica , mas não deixou duvida de quais deveriam ser os principais
objetivos da comunidade de seus seguidores. A idéia de uma comunidade fechada,
introspectiva, não encontra apoio em seu
ensino. A mensagem confiada aos seus discípulos deveria se espalhar por todo o
mundo.
LIVROS CONSULTADOS
Teologia do Novo Testamento- Donald Guthrie
Teologia Sistemática- Louis Berkhof
Teologia Sistemática- Alister E. McGrath
Teologia Sistemática- Franklin Ferreira e Alan Myat
Teologia Sistemática- Wayne Grudem
Eclesiologia- Enéas Tognini
A igreja- Edmund Clowney
Dicionário Teológico- Claudionor Correa de Andrade
Breve dicionário de Teologia- Justo González
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