domingo, 23 de março de 2014

Análise de John MacArthur ,sobre alguns textos usados como objeção a doutrina da segurança da Salvação.

Análise de John MacArthur acerca de textos usados como objeção para o ensino da Perseverança dos Santos.
1-      AQUELES VERSÍCULOS PROBLEMÁTICOS
Nenhum cristão pode negar que as promessas em Efésios, João e Hebreus sobre a segurança de nossa salvação nas mãos de nosso Deus triúno, são de fato inspiradoras. Talvez, no entanto, você esteja preocupado com outras partes das Escrituras que parecem comprometer essas promessas. O que dizer da afirmação de Paulo para a igreja gálata de que alguns caíram da graça? O que você me diz de uma passagem menos animadora em Hebreus que fala daqueles que, uma vez , iluminados, não podem ser reconduzidos ao arrependimento? E a afirmação assustadora  de Jesus em Joao 15 de que aqueles  que não permanecem nele são jogados fora como ramos mortos, apanhados e queimados? E o que dizer da talvez, mais assustadora de todas as afirmações de Jesus, em Mateus 12, em que ele diz que existe esse tal pecado imperdoável? Examinemos cada passagem em seu contexto , para reconhecermos o que ela está de fato dizendo, e como cada uma se relaciona com a segurança da nossa salvação.
Galatas 5 e a questão de cair da graça.
Nosso texto começa: Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. Ouçam bem o que eu,Paulo,lhes digo: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá. De novo declaro a todo  homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a cumprir toda a lei. Voces,que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça. Pois é mediante o Espirito que nós aguardamos pela fé a justiça, que é a nossa esperança.(1-5).
A quem se faz referencia e em que sentido eles caíram da graça? Todas as pessoas a quem Paulo estava escrevendo, haviam professado Jesus Cristo como Salvador e Senhor, do contrario, não teriam sido parte das igrejas da Galácia. Muitos vinham de uma formação judaica, enfatizando o esforço próprio , legalista , para agradar a Deus. Algumas não conseguiam desprezar essa formação, ainda que, a principio, tivessem respondido positivamente a mensagem de justificação do evangelho diante de Deus por meio da fé em Cristo e só nele.
Alguns desses indivíduos conhecidos como judaizantes, criaram problemas dentro de varias igrejas ao afirmarem que a fé em Jesus Cristo , embora importante, não era suficiente para a completa salvação. Ensinavam que o que Moises havia começado na antiga aliança e Cristo acrescentado a nova , tinha de ser concluído e aperfeiçoado por esforços pessoais(sendo a circuncisão o ponto central como símbolo de mérito espiritual).
Paulo combateu essa idéia herege ao mostrar 4 de suas trágicas conseqüências. Em Galatas 5 ele declara que, independentemente da associação de alguém a igreja, se essa pessoa, por sua vida ou palavras, rejeita a suficiência da Fe em Cristo, ela renuncia a obra de Cristo em seu favor, coloca-se sob a obrigação de cumprir toda a lei mosaica, cair da graça de Deus é excluir-se da justiça de Deus.
Nós , como cristãos, cremos que  a salvação é pela graça por meio da fé. Parece que os judaizantes a principio , reconheciam esse conceito, mas depois o abandonaram ao enfatizar a lei mosaica como meio de salvação. É isso que significa cair da graça. Tentar ser justificado pela lei e rejeitar o caminho da graça.
Em Galatas 5:4, Paulo não estava se referindo a segurança do cristão, mas aos caminhos contrastantes da graça e da lei , da fé e das obras, como meio de salvação. Sem duvida, ele não estava ensinando que uma vez justificada, a pessoa pode perder sua justa posição diante de Deus e voltar a se perder por ser legalista. A Biblia nada diz sobre alguém se tornar não justificado.
Aplicando-se a alguém que de fato era incrédulo o principio de cair da graça fala sobre a pessoa que é exposta a graciosa verdade do evangelho e depois dá as costas para Cristo. Tal pessoa é apostata.
Durante os tempos da igreja primitiva , muitos incrédulos – tanto judeus quanto gentios – não somente ouviram o evangelho, mas também testemunharam os sinais milagrosos realizados pelos apóstolos que confirmavam esse evangelho. Muitas vezes eles não conseguiam deixar de ser atraídos a Cristo nem de professar sua fé nele. Muitos se envolviam com a igreja local e indiretamente vivenciavam as bênçãos cristãs do amor e da comunhão. Eram expostos diretamente a toda verdade e bênçãos do evangelho da graça, mas depois se afastaram. Segundo uma passagem que logo examinaremos, eles (foram iluminados), (provaram o dom celestial ) e (tornaram-se participantes do Espirito Santo) , ao testemunharem o ministério divino do Espirito na vida de cristãos( Heb 6:4). Mas eles se negaram a confiar somente em Cristo, por isso apostataram , perdendo toda a chance de arrependimento, consequentemente, da salvação, uma vez que “não há salvação em nenhum outro , pois debaixo do céu não há nenhum outro nome(...)pelo qual devamos ser salvos”.(At 4:12). Eles chegaram a porta da graça e então apostataram voltando para a sua religião, cujo foco estava nas obras.

HEBREUS 6 E AQUELES UMA VEZ ILUMINADOS.

É possível que pessoas vão a igreja durante anos, ouçam o evangelho varias vezes e até sejam membros fiéis da igreja, mas nunca entreguem suas vidas a Cristo. Encontramos tais pessoas em Hebreus 6. O escritor estava especificamente falando ao povo judeu que era parecido com os gálatas legalistas, mas a advertência aplica-se a qualquer pessoa.
É animador saber o que Deus pode fazer com um coração arrependido. Mas saber o que ele fará com os pecadores que não se arrependerem deveria deixar você de cabelos em pé. Sobretudo , foi dado o aviso mais severo possível aqueles que conhecem a verdade da graça salvadora  de Deus em Cristo Jesus – que talvez a tenham visto transformar a vida de muitos de seus amigos e familiares, que podem até ter feito uma profissão de fé nele - , mas que mudam de idéia e rejeitam aceita-la plenamente. Ao persistirem em sua rejeição a Cristo, essas pessoas chegam ao ponto em que não é mais possível voltar atrás em termos espirituais, em que perdem para sempre a oportunidade de salvação. É isso que sempre acontece com o individuo que é indeciso. No final, ele segue seu coração maligno da descrença e dá as costas para sempre ao Deus vivo.
Ao contrario de uma faca, a verdade fica mais afiada à medida que é usada, o que, no  caso da verdade, acontece por meio da aceitação e da obediência. Uma verdade que é ouvida, mas não é aceita e seguida , torna-se desinteressante e sem sentido. Quanto mais a negligenciamos, mais ficamos imunes a ela. Ao não aceitarem o evangelho quando ele ainda é “novidade”, aqueles mencionados no livro de Hebreus começaram a ficar indiferentes a ele e tornaram-se espiritualmente indolentes, negligentes e duros. Por não usarem seu conhecimento do evangelho , eles agora, não podiam se convencer de tomar a decisão certa com relação a ele. Na verdade, eles corriam o perigo de tomar uma decisão muito errada, de mudar de atitude por causa da pressão e da perseguição , e de voltar totalmente para o judaísmo.
Os indivíduos mencionados aqui tinham cinco grandes vantagens por causa de sua associação com a igreja: eles foram iluminados, provaram o dom celestial de Cristo , tornaram-se participantes do Espirito Santo, experimentaram a Palavra de Deus e provaram os poderes milagrosos da era que há de vir(Veja Heb 6:4,5). Não há referencia de espécie alguma à salvação. Na realidade, nenhum termo usado aqui é usado  em referencia a salvação em outra passagem do Novo Testamento, e nenhum deveria ser visto como referencia a ela nessa passagem.
A iluminação mencionada aqui tem a ver com a percepção intelectual da verdade espiritual. Significa estar mentalmente consciente de algo, instruído, informado. Não traz conotação de resposta – de aceitação ou rejeição, crença ou descrença. Provar ou participar implica algo similar; uma simples amostra da verdade. Ela não foi aceita nem vivida, somente examinada.
Esses indivíduos foram maravilhosamente abençoados pela iluminação de Deus, pela associação com o Espirito Santo e pela amostra dos dons celestiais , da Palavra e do poder de Deus. Entretanto , não creram. Daí vem o terrível aviso de que, para aqueles que experimentaram tudo isso e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública.(v.6).
Uma  vez que acreditam que esse aviso  é para os cristãos, alguns interpretes acham que Hebreus 6 ensina que é possível perder a salvação. No entanto, se essa interpretação é verdadeira, a passagem também ensinaria que, uma vez perdida, seria impossível recuperar a salvação – que a pessoa estaria condenada para sempre. Não haveria ida nem volta, nem estar na graça ou fora da graça, como parece imaginar a maioria das pessoas que acreditam que se pode perder a salvação. Contudo , não é aos cristãos que se faz referencia , e o que o individuo pode perder  é a oportunidade de receber a salvação, e não a salvação propriamente dita.
São os incrédulos que correm o risco de perder a salvação – no sentido de perder a oportunidade de recebê-la. Uma vez que vêem e ouvem a mensagem do evangelho, eles tem somente duas escolhas: seguir para o pleno conhecimento de Deus por meio da fé em Cristo ou afastar-se dele e perder-se para sempre. O caráter definitivo assustador desse perigo não deve ser minimizado.
A vacinação imuniza ao dar uma amostra mais atenuada da doença. Pessoas que são expostas ao evangelho podem receber o suficiente dele para ficarem imunizadas contra o que realmente acontece. Quanto mais tempo continuam a resistir ao evangelho, graciosa ou violentamente, mais elas ficam imunes a ele. Seu sistema espiritual fica cada vez mais indiferente e insensível. Sua única esperança é rejeitar tudo aquilo a que estão se agarrando e receber Cristo sem demora – para não ficarem tão duras, muitas vezes sem percebe-lo, de modo a perder sua oportunidade para sempre. Quando rejeitam a Cristo no auge de sua experiência de conhecimento e convicção, as pessoas  não o aceitarão em um nível inferior. Assim , a salvação torna-se impossível.
Nossa passagem em Hebreus termina com uma vivida ilustração:”A terra , que absorve a chuva que cai frequentemente, e da colheita proveitosa aqueles que a cultivam, recebe a bençao de Deus. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada”(VS.7-8). Todo aquele que ouve o evangelho é como a terra. Assim, como a chuva, a mensagem do evangelho cai sobre quem a ouve. Depois que a semente do evangelho é semeada, ela é alimentada e cresce. Parte da safra é boa e produtiva, mas parte dela é falsa, espúria e improdutiva. Embora toda a safra venha da mesma semente e seja alimentada pela mesma terra e pela mesma água, parte dela se torna cheia de espinhos , destrutiva e sem valor, rejeita a vida oferecida e so serve para ser queimada.

JOÃO 15 E OS RAMOS QUE SÃO QUEIMADOS.

Queimar  a safra sem valor é uma analogia evocativa usada frequentemente nas Escrituras para descrever a apostasia(ou seja, a falsa crença). Encontramos essa analogia e outras iguais a ela em muitas parábolas de Jesus(por exemplo: Mt 13:24-30,36-43; 18:23-35;22:1-14;Lc 3:1-9). A analogia utilizada por nosso Senhor em João 15 tem perturbado muitos cristãos.
Na Palestina do século 1º, era comum impedir uma videira de dar fruto por três anos depois de ela ter sido plantada. No quarto ano ela estava forte o suficiente para dar fruto. Sua capacidade de dar fruto havia sido intensificada pelo cuidado na poda. Ramos maduros, que chegavam ao fim do processo de quatro anos, eram podados anualmente, de Dezembro a Janeiro, para que continuassem a dar frutos.
Dar frutos é a essência da vida cristã. Em Efésios 2:10, Paulo diz: “Somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos”. Os frutos da salvação são as boas obras. Tiago 2:17 explica que a fé, por si só, se não for acompanhada de obra, será morta”. Se a fé salvadora  estiver presente, ela não  pode deixar de produzir fruto. As boas obras não salvam uma pessoa, mas mostram que sua fé é genuína.
Em Joao 15, Jesus comparou seus seguidores a ramos que dão frutos, mas que precisam ser podados de vez em quando. Não existe algo como cristão sem frutos. Todos dão algum fruto. Talvez seja necessário dar uma boa olhada para encontrar uma pequena uva, mas, se você olhar perto o suficiente, encontrará algo.
Uma vez que todos os cristãos dão fruto, é claro que os ramos infrutíferos de João 15 não podem se referir a eles. Na verdade , os ramos infrutíferos tiveram de ser eliminados e lançados ao fogo. Contudo , Jesus referiu-se aos ramos infrutíferos como aqueles que estavam nele(VS .2). Isso não implica que era necessário que eles tivessem sido genuínos?
Não necessariamente. É possível que , aparentemente, eles estivessem ligados a videira , mas nenhuma vida fluía por meio deles. Outras passagens nas Escrituras mostram que é possível ser um parasita na videira, fazer aparentemente parte dela, mas somente na aparência. Em Romanos 9:6, por exemplo, Paulo diz: “nem todos os descendentes de Israel são Israel”. Era possível uma pessoa fazer parte da nação de Israel , mas não ser um verdadeiro israelita. De igual modo, é possível ser um ramo sem viver ligado à videira verdadeira. Uma metáfora similar em Romanos representa Israel como uma oliveira da qual Deus removeu certos ramos(veja 11:17-24); Esses ramos foram cortados por causa da incredulidade.
Alguns somente parecem fazer parte do povo de Deus. Em Lucas 8:18 , Jesus diz: “Considerem atentamente como vocês estão ouvindo. A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado”. Levar uma vida de aparência que não condiz com a realidade é motivo para que você seja removido do meio do povo de Deus. Um dia, o joio, ou as ervas daninhas, será reparado do trigo com base nisso(veja Mt 13:30,38).
As Escrituras fazem uma severa advertência para que examinemos nossa vida e tenhamos certeza de que nossa salvação é genuína. A conseqüência é seria: Um ramo que não dá fruto é removido e queimado.
Para o cristão , no entanto, permanecer na verdadeira videira oferece a forma mais profunda de segurança. Paulo diz: “Já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”(Rm 8:1). Aqueles que estão nele não podem ser removidos, não podem ser cortados e não precisam temer o julgamento. Não se sugere aqui que aqueles que agora permanecem nele podem , mais tarde, deixar de faze-lo.
Por outro lado, aqueles que não permanecerem nele serão julgados. Jesus disse:”Se alguém não permanecer em mim, será o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados”(Jo 15:6). Uma vez que eles não tem uma relação viva com Jesus Cristo, são rejeitados.
O verdadeiro cristão, em contrapartida, nunca pode ser jogado fora. Como notamos anteriormente em Joao 6:37, Jesus disse: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei”. João, mais adiante, escreveu: “Eles saíram do nosso meio , mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos”(1 João 2:19). Se a pessoa deixa de lado a comunhão com o povo de Deus e nunca mais volta, ela nunca foi, para começar, um verdadeiro cristão.
William Pope foi membro da igreja metodista na Inglaterra durante grande parte de sua vida. Ele fingiu conhecer a Cristo e serviu em muitas funções. Nesse meio-tempo, sua esposa morreu como uma genuína cristã.
Logo , no entanto, ele começou a afastar-se de Cristo. Tinha colegas que acreditavam na redenção de demônios. Começou a ir com eles a um prostibulo. Com o tempo, tornou-se um alcoólatra.
Admirava o cético Thomas Paine e , aos domingos , ele e os amigos se reuniam para confessar os pecados uns aos outros. Eles se divertiam ao jogarem a Biblia no chão e chutarem-na de um lado para o outro.
No final , Pope contraiu tuberculose. Alguém o visitou e falou-lhe do grande Redentor. Essa pessoa disse a Pope que ele poderia ser poupado do castigo por seus pecados.
Mas Pope respondeu:”Não estou contrito; não posso me arrepender. Deus me condenará! Sei que o dia da graça já se foi. Deus disse para os que são como eu:”Vou rir-me da sua desgraça; zombarei quando o que temem se abater sobre vocês .”. Eu o neguei; meu coração está endurecido”.
Então ele clamou:”Ah, o inferno, a dor que sinto! Escolhi o meu caminho. Cometi o horrendo pecado que é condenável: crucifiquei de novo o Filho de Deus; profanei o sangue da nova aliança! Ah, aquela terrível maldade de blasfemar contra o Espírito Santo, que sei que cometi; não quero outra coisa senão o inferno! Venha , oh Diabo , e leve-me”!
Ele passou a maior parte de sua vida na igreja, mas seu fim foi infinitamente pior do que seu começo. Todo homem e mulher tem a mesma escolha. Você pode permanecer na videira e receber todas a bênçãos de Deus ou pode ser queimado.
Não parece ser uma escolha difícil, parece? Contudo, milhões de pessoas resistem ao dom da salvação de Deus, preferindo o relacionamento superficial do ramo falso.
Nós que permanecemos em Cristo devemos deixar que a advertência das Escrituras motive-nos a dizer para tais pessoas :”Vejam , agora é “o tempo favorável”, vejam, agora é “o dia da salvação”(2 Cor 6:2;cf. 49:8). Mas não deixe a salvação que você declara ser menos do que ela é: uma salvação gloriosa e segura, em total contraste com a condição instável do incrédulo que se aventura nos limites da fé.

MATEUS 12 E O PECADO IMPERDOÁVEL.

Vamos mais longe com este tema com um estudo de caso real – um homem que ouve o chamado da salvação e atende. Ele começa a ler livros cristãos. Sua mente , irritável por natureza e academicamente indisciplinada, começa a ficar terrivelmente confusa. Ele fica preocupado com circunstancias religiosas externas, investindo um tempo considerável em atividades religiosas e sentindo-se obrigado a abrir mão de toda atividade divertida, ainda que inocente. Começa a buscar milagres para confirmar sua fé.
As coisas ficam ainda mais sombrias: ele agora está convencido de que cometeu o pecado imperdoável mencionado por Jesus. Isso o leva a invejar os animais na selva, as aves no céu, as pedras na rua e as telhas do telhado, pois eles são incapazes de cometer a blasfêmia da qual sua consciência tão severamente o acusa. Seu estado emocional destrói  seu poder de assimilação. Sua dor é tanta que ele chega a achar que irá estourar como Judas, a quem passou a considerar como seu protótipo.
Finalmente as nuvens se desfazem. O homem que pensava estar destinado ao mesmo fim que o do terrível traidor chega a desfrutar de paz e certeza na misericórdia de Deus. Você pode ler a historia desse homem em sua autobiografia,(Graça abundante ao principal dos pecadores). Seu nome é John Bunyan, autor de “O Peregrino”, um dos livros mais populares de todos os tempos.
Bunyan não é o único cristão a ter medo de cometer o pecado imperdoável. Muitos cristãos sofrem este tormento. Parte da razão é que alguns pastores e comentaristas respeitados sugerem que cristãos podem cometer o pecado que Jesus tão assustadoramente mencionou, associando-o ao “pecado que leva a morte”, mencionado em 1 João 5:16, e à negligencia dos iluminados que acabamos de examinar em Hebreus 6:4-6.
Faço uma grande objeção a essa interpretação, pois ela desconsidera o contexto da inquietante declaração de Jesus. A passagem é Mateus 12:22-31. Jesus cura um endemoninhado , mas, quando ouvem isso, os lideres religiosos dizem:”É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios , que ele expulsa demônios’.(VS. 24). Belzebu, o senhor das moscas, era uma divindade dos filisteus. Acreditava-se que ele era o príncipe dos espíritos malignos , e seu nome tornou-se outro termo usado em referencia a Satanás. Aqueles lideres religiosos cegos estavam afirmando  que o poder de Jesus provinha de Satanás.
Já fazia mais de dois anos que Jesus estava exercendo seu ministério público. Durante esse tempo ele realizara numerosos milagres que provaram para todos de Israel que ele era Deus. Mas a instituição religiosa , essencialmente, concluiu o contrário.
Jesus recebeu o poder do Espirito Santo em seu batismo(veja Mt 3:16), momento no qual ele começou a provar quem realmente era. Ao mesmo tempo, Jesus atribuiu seu poder ao Espírito de Deus. Como prenunciou Isaías , o Espirito veio sobre Jesus e ele pregou e realizou milagres(Veja Isaías 61:1,2). Contudo , os lideres religiosos afirmavam que o poder de Jesus era satânico.
Jesus foi seco em sua resposta a essa afirmação:”Se estou expulsando Satanás mediante o uso do poder de Satanás, o que vocês acham que Satanás está fazendo a si mesmo?”(Mt 12:26, paráfrase). É obvio que o Diabo estaria destruindo seu próprio reino, o que não faria nem um pouco de sentido. O ódio e o ciúme dos lideres religiosos levaram-nos a essa lógica distorcida. Em vez de serem racionais, eles estavam sendo ridículos.
Assim, Jesus disse:”Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espirito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na que há de vir”.(v. 31,32).
Concluir que as obras milagrosas de Cristo – realizadas pelo Espirito Santo para provar a divindade de Cristo – eram de fato feitas por Satanás é estar em um estado irremediável de rejeição. Uma vez que os lideres religiosos viram e ouviram tudo o que Jesus fez e disse, mas ainda estavam convencidos de que as obras de Jesus eram satânicas, eles eram obviamente um caso perdido diante de Deus. Concluíram o contrario do que era claramente verdadeiro e agiram assim a despeito da plena revelação.
O que isso nos diz? Como pode ser aplicado hoje? Em primeiro lugar,este foi um evento histórico singular que ocorreu quando Cristo estava fisicamente na Terra. Uma vez que ele não está aqui agora, não há uma aplicação primária. Talvez haja na “era que há de vir”(o reino milenar), quando Cristo estiver novamente na Terra.
Há uma aplicação secundaria? Sim, a de que as pessoas não-regeneradas podem ser perdoadas de qualquer pecado se estiverem dispostas a se arrepender e vir a Cristo. Mas não pode ser perdoada a blasfêmia continua e impenitente contra a obra convincente e condenatória do Espirito Santo, definida como conhecer plenamente os fatos sobre Jesus mas,ainda assim, atribuir suas obras ao Diabo.
De acordo com João 16 , o Espirito Santo aponta para Jesus Cristo, convencendo o mundo do pecado , da justiça e do juízo(v. 7-11). Uma vez que o agente regenerador da Trindade é o Espirito Santo, qualquer pessoa que é salva, deve, no final, responder  à sua direção. Se a pessoa em vez disso, decidir rejeitar e desdenhar a obra condenatória do Espirito, não há como ela se tornar um cristão.
Durante a 2ª Guerra Mundial, uma força norte-americana no Atlantico Norte travou uma batalha violenta contra navios e submarinos inimigos em uma noite excepcionalmente escura. Seis aviões decolaram de um porta aviões à procura desses alvos, mas enquanto estavam no ar, foi ordenado um blecaute total ao porta aviões com o intuito de protege-lo contra ataques. Sem luzes acesas no deque do porta-aviões , os seis aviões não conseguiram pousar. Os pilotos transmitiram um pedido pelo rádio para que as luzes ficassem acesas o  tempo necessário para chegarem ao porta-aviões. Mas, uma vez que todo o porta-aviões com seus vários millhares de homens, bem como com todos os outros aviões e equipamentos, estavam em perigo, não se permitiu que nenhuma luz fosse acesa. Quando faltou combustível aos seis aviões , eles se espatifaram na água gelada e toda a tripulação pereceu para sempre.
Chegará um momento em que as luzes vão se apagar, quando a outra oportunidade de ser salvo estará perdida para sempre. Aquele que rejeita a plena luz pode não ter mais luz – e nenhum perdão. Que isso coloque medo no coração de todos que agora rejeitam Jesus, mas não no daqueles que o aceitaram como Salvador e Senhor.


·         Texto extraído do Livro “Salvo sem sombra de Dúvida” de John MacArthur.

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