Parecer de Wayne Grudem sobre o Pastorado Feminino.
DEVEM AS MULHERES SER MINISTRAS DA IGREJA?
A maioria das teologias sistemáticas não inclui uma seção
sobre poderem ou não as mulheres ser ministras da igreja, porque em toda a
história da igreja o pressuposto é que , com bem poucas exceções, apenas os
homens podem ser pastores ou atuar como presbíteros de uma igreja. Nos últimos
anos, porém, surgiu uma grande polêmica no mundo evangélico: podem as mulheres
, assim como os homens , ser pastoras? Podem elas participar de todos os cargos
da igreja? Abordei essa questão mas extensamente em outra obra, mas um breve
resumo do assunto pode ser apresentado aqui.
Precisamos afirmar de inicio que a narrativa da criação de
Genesis 1:27 vê homens e mulheres igualmente criados a imagem de Deus,
portanto, homens e mulheres tem valor igual para Deus, e devem ser vistos como
de valor absolutamente igual para nós e para a igreja , enquanto pessoas. Alem
disso a Biblia garante a homens e mulheres igual acesso a todas as benção da
salvação(veja At 2:17-18; Gl 3:28). Isso é notavelmente afirmado no elevado
respeito e dignidade que Jesus dispensou as mulheres em seu ministério terreno.
Precisamos também admitir que as igrejas evangélicas muitas
vezes tem falhado em reconhecer a plena igualdade entre homens e mulheres, e
assim tem falhado em considerar as mulheres iguais em valor aos homens. O
resultado foi uma trágica falta de reconhecimento de que Deus frequentemente
concede as mulheres dons iguais ou maiores do que os dos homens, falta de
incentivo para que as mulheres tenham plena e livre participação nos diversos
ministérios da igreja e falta de reconhecimento pleno da sabedoria que Deus
concedeu as mulheres com respeito as decisões importantes da vida da igreja. Se
a polemica atual sobre o papel da mulher na igreja puder resultar na
erradicação de alguns desses abusos do passado , a igreja será então
grandemente beneficiada.
Todavia , permanece a questão: Devem as mulheres ser
pastoras ou presbíteras de uma igreja? (ou ainda devem elas desempenhar o papel
de um presbítero numa igreja que adota uma forma de governo alternativa?) Minha
propria conclusão sobre essa questão é que a Biblia não permite que as mulheres
atuem na função de pastor ou presbítero de uma igreja. Essa é também a
conclusão da grande maioria das igrejas em diversas sociedades através da
história. As razões que me parecem ser mais convenientes na resposta a essa
questão são as seguintes:
1-
1 Tm 2:11-14. O único texto bíblico que aborda a
questão mais diretamente é 1 Tm 2:11-14. “ A mulher aprenda em silencio com
toda a submissão. E não permito que a mulher ensine nem exerça autoridade de
homem(sobre o homem- NVI); esteja porém, em silencio. Porém , primeiro, foi
formado Adão, depois , Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo
enganada, caiu em transgressão.
Paulo fala aqui sobre a igreja reunida(veja os versículos
8-9). Em tal cenário ele afirma: E não permito que a mulher ensine nem exerça
autoridade sobre o homem.(ver .12). Essas eram as funções dos presbíteros da
igreja e , especialmente dos que conhecemos como pastores na igreja atual. São
especificamente essas funções singulares de um presbítero que Paulo proíbe que
as mulheres exerçam na igreja.
Diversas objeções tem sido levantadas contra essa posição.
a)
Tem se afirmado que esse texto aplica-se somente
a uma situação especifica abordada por Paulo, provavelmente referindo-se as
mulheres que estavam ensinando doutrinas heréticas na igreja de Efeso.Mais tal
objeção não convence, já que o texto de 1 Tm não afirma claramente que as
mulheres estavam de fato ensinando doutrinas falsas.(1 Tm 5:13 citam mulheres
fofoqueiras, mas não mencionavam doutrinas falsas.) Alem do mais, Paulo não
ordena simplesmente que certas mulheres que estão ensinando doutrinas falsas
estejam em silencio, mas diz: E não permito que a mulher ensine, nem exerça
autoridade sobre o homem. Finalmente, a razão que Paulo dá para tal proibição
não é a proposta na referida objeção, mas uma razão muito diferente: A situação
de Adao e Eva antes da queda e antes que houvesse pecado no mundo(veja o vers.
13) e o modo como ocorreu uma inversão de papeis masculinos e femininos na
ocasião da queda(VS. 14). Essas razoes não estão limitadas a uma situação da
igreja de Efeso, mas aplicando-se de modo geral à masculinidade e a
feminilidade.
b)
Alem do mais, tal objeção entende mal os fatos
reais da igreja e do mundo antigo. A educação formal não era exigida da
liderança da igreja no novo testamento nas Escrituras, pois vários apóstolos
não tiveram instrução bíblica formal(veja At 4:13). Por outro lado a capacidade
básica de ler e de estudar as Escrituras podia ser adquirida tanto por homens
como por mulher. ( Observe At 18:26; Rom 16:1; 1 Tm 2:11; Tt 2:3-4). Havia
muitas mulheres bem instruídas no mundo antigo, particularmente num centro
cultural como Efeso.
Finalmente os que assim
argumentam são as vezes incoerentes pelo fato de mostrarem em outros textos que
as mulheres tinham uma posição de liderança na igreja antigo , como no caso de
Priscila. Isso é especialmente relevante para 1 Tm 2, porque Paulo estava
escrevendo para Efeso(1 Tm1:13), que era a igreja de Priscila e Aquila( Veja
At 18:18;19:21).Foi exatamente na igreja
de Efeso que Priscila aprendeu sobre a Biblia o suficiente para ajudar a
instruir Apolo no ano 51 A. D. (At 18:26). Depois , ela provavelmente estudou
com o proprio Paulo por mais 3 anos enquanto ele permaneceu em Efeso
ensinando(Todo o designio de Deus)(At 20:27;conf. VS 31 , também 1 Co 16:19).
Sem duvida , muitas outras mulheres de Efeso seguiram seu exemplo e também
aprenderam com Paulo. Embora eles tenham ido para Roma mais tarde , encontraram
Aquila e Priscila de novo em Efeso no final da vida de Paulo(2 Tm 4:19), por
volta de 67 A.D...Portanto é provável que estavam em Efeso no ano 65, por volta
da ocasião em que Paulo escreveu 1 Tm.(Cerca de 14 anos depois de Priscila ter
ajudado a instruir Apolo). No entanto, Paulo não permitiu nem que a culta
Priscila ou qualquer outra mulher bem instruída de Efeso ensinasse os homens na
assembléia publica da igreja. A razão não era falta de instrução , mas sim a
ordem da criação que Deus estabeleceu entre homens e mulheres.
2-
1 Cor 14:33b-36. De modo semelhante Paulo
afirma:
Como em todas as igrejas dos santos,
conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido
falar, mas estejam submissas como também a lei o determina. Se , porem, querem
aprender alguma coisa, interroguem , em casa, ao seu próprio marido; porque
para a mulher é vergonhoso falar na igreja. Porventura a Palavra de Deus se
originou no meio de vós ou veio ela
exclusivamente para vós outros?
Neste trecho Paulo não pode estar proibindo
todo discurso publico das mulheres na igreja, pois ele claramente permite que
orem e profetizem na igreja em 1 Corintios 11:5, portanto, é melhor entender
esse texto como uma referencia a avaliação e julgamento orais das profecias na
congregação(veja VS 29; tratando-se de profetas falam apenas dois ou três, e os
outros julguem). Ainda que Paulo permita as mulheres falar e profetizar nas
reuniões da igreja ,não lhes permite falar, avaliando ou criticando as
profecias dadas a igreja, pois isso seria uma função de autoridade com respeito
a toda a igreja. Essa interpretação do texto depende da nossa posição sobre o
dom de profecia na época do N.T, isto é, que a profecia não envolve ensino
bíblico com autoridade, nem palavra de Deus equivalente as Escrituras, mas sim
o relatar de algo que Deus traz de modo espontâneo a mente. Deste modo, os
ensinamentos de Paulo são muito coerentes em 1 Cor 14 e em 1 Tm 2: Em ambos os
casos ele está preocupado em preservar a liderança masculina no ensino e no
governo da igreja.
3-
1 Tm 3:1-7 e Tt 1:5-9. Tanto em 1 Tm como em Tito , pressupõe que os
presbíteros são homens. Um presbítero(ou bispo) deve ser “esposo de uma só
mulher”(1 Tm 3:2; também Tt 1:6), e deles se exige que “governe bem a própria
casa”, criando os filhos sob disciplina com todo o respeito”( 1 Tm 3:4).
Alguns podem fazer a objeção de que tais
orientações foram dadas apenas para situação cultural do mundo antigo, quando
as mulheres não tinham boa instrução, mas a mesma resposta dada acima com
respeito a 1 Tm 2 , se aplicaria também neste caso.
4-
A relação entre família e igreja. O Novo
Testamento faz freqüentes relações entre a vida da família e a vida da igreja.
Paulo diz...” Se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da
igreja de Deus”? (1 Tm 3:5). Ele diz a Timoteo:”Não repreendas ao homem idoso;
antes , exorta-o como a pai; aos moços como a irmãos; as mulheres idosas como a
mães; as moças como a irmãs, com toda a pureza”(1 Tm 5:1-2). Diversas outras
passagens poderiam ser citadas, mas o relacionamento próximo entre a familia e
a igreja deve ficar claro.
Por causa dessa relação, é inevitável que os
modelos de liderança na família reflitam os modelos de liderança na igreja e
vice-versa. É muito apropriado que , a medida que homens piedosos cumpram suas
responsabilidades de liderança piedosa na família, devem também cumprir
responsabilidades de liderança na igreja. De modo inverso, se modelos de
liderança forem estabelecidos na igreja, trarão inevitavelmente pressão na
direção de uma liderança feminina maior e da abdicação da liderança masculina
na família.
5-
O exemplo dos Apóstolos. Embora os apóstolos não
sejam equivalentes aos presbíteros nas igrejas locais, ainda assim é importante
reconhecer que Jesus estabeleceu um modelo de liderança masculina na igreja ,
quando designou 12 homens como apóstolos. Simplesmente não é verdade que as
mulheres tem igual acesso a todos os ofícios na igreja, pois Jesus, o cabeça da
igreja, é um homem. E os doze apóstolos que se assentaram nos doze tronos para
julgar as doze tribos de Israel(Veja Mt 19:28), cujos nomes estão escritos no
fundamento da cidade celestial( Ap 21:14) São todos homens. Portanto , não
haverá padronização eterna de papeis iguais para homens e mulheres em todos os
níveis de autoridade na igreja. Ao contrario , há um modelo de liderança
masculina nos supremos papeis de autoridade da igreja, modelos que serão
evidentes para todos os cristãos por toda a eternidade.
Uma objeção levantada contra esse
argumento é a alegação de que a cultura daquela época, não permitia que Jesus
escolhia 6 homens e 6 mulheres , ou ainda 6 casais como apostolo, e que essa
foi a razão porque ele assim não procedeu.Todavia , tal objeção impugna a
integridade e a coragem de Jesus. Ele não temia desobedecer as normas sociais ,
quando o principio moral estava em vista: Ele criticou fariseus publicamente,
curou no Sabado, purificou o templo, falou com
a mulher samaritana, comeu com publicanos e pecadores e comeu sem lavar
as mãos. Se tivesse desejado estabelecer um principio de igual acesso para
homens e mulheres, Jesus certamente o teria feito, apesar da opinião cultural ,
se esse fosse o modelo que ele desejava estabelecer em sua igreja. Mas ele não
fez.
Outra objeção a tal argumento afirma que, se isso é
verdade, apenas judeus podiam ser lideres de nossas igrejas, visto que todos os
12 apostolos também eram judeus. Mas , tal objeção não é convincente por deixar
de reconhecer que a igreja era inteiramente judaica no inicio. Isso aconteceu
porque o plano de Deus era trazer salvação através dos judeus, o que levou os
12 apostolos judeus.No entanto, nas paginas do Novo Testamento, vemos que a
igreja logo expandiu-se e inclui os gentios(Mt 28:19; Ef 2:16) , e os gentios
logo tornaram-se presbíteros e lideres na igreja neo-testamentaria. Um
gentio,(Lucas), escreveu dois livros do Novo Testamento, Lucas e Atos, e
diversos gentios como Tito e Epafrodito foram auxiliares e coordenadores da
obra apostólica de Paulo. De fato , Deus havia revelado progressivamente desde
a época de Abraão(Gn 12:3;17:5) que fazia parte do seu plano incluir finalmente
gentios sem conta entre os que constituem seu povo.
Portanto , ser judeu não era a mesma coisa que ser
homem com respeito aos apóstolos. A igreja começou inteiramente judaica, mas
logo tornou-se judaica e gentílica também. Mas a igreja começou inteiramente masculina e somente mais
tarde veio a incluir mulheres .Os seguidores de Cristo eram homens e mulheres
desde o principio, e tanto homens como mulheres estavam presentes no inicio da
igreja no Pentecostes, por isso essa objeção não convence.
6-
A história da liderança e ensino masculinos por
toda a Bíblia. Às vezes os que se opõem a essa posição aqui apresentada afirmam
que tudo está baseado apenas em um único texto. 1 Tm 2. Diversos argumentos
relacionados mostram que não é esse o caso, mas a outro argumento que pode ser
elaborado: por toda a historia da Biblia , de Genesis a Apocalipse, há um
modelo coerente de liderança masculina no povo de Deus. Embora apareçam
exemplos eventuais de mulheres em
posição de liderança no governo, como rainhas(Atalia reinou como única monarca
em 2 Rs 11:1-20, mas dificilmente seria um exemplo a ser imitado) e juízas(Veja
o caso de Debora em Jz 4-5), e ainda que haja eventualmente profetisas como
Debora e Hulda(Veja Jz 4-5 e 2 Rs 22:14-20), devemos observar que são raras
exceções em circunstancias incomuns. Elas aconteceram em meio a um modelo geral
de liderança masculina no ensino e no governo e, como tais, dificilmente servem
de padrão para o ofício da igreja do Novo Testamento.
Além disso, não há um exemplo em toda a Bíblia de uma mulher realizando o
tipo de ensino bíblico congregacional que se espera de pastores/presbíteros na
igreja do Novo Testamento. No Antigo Testamento
eram os sacerdotes os responsáveis por ensinar o povo, e o sacerdócio
era exclusivamente masculino; alem disso, até as profetisas Debora e Hulda
profetizavam apenas de maneira privada, e não publicamente para um grupo de
pessoas.
7-
A
História da Igreja. Como mencionamos acima, o padrão geral de toda a história
da igreja é que o oficio de pastor/presbítero(ou seu equivalente) tem sido
reservado aos homens. Embora isso não prove conclusivamente que tal posição é
correta, deve ser uma razão para séria reflexão sobre o assunto antes de
declararmos apressadamente que a igreja inteira através da história estava
errada sobre a questão.
8-
Objeções. Numerosas objeções tem sido levantadas
contra a posição aqui esboçada, das quais poucas podem ser tratadas a essa
altura. Argumenta-se que o ministério deve ser determinado pelos dons e não
pelo gênero. Em resposta, precisa ser dito que os dons espirituais tem de ser
usados dentro das orientações dadas nas Escrituras. O Espirito Santo que
concede dons espirituais é o mesmo Espirito Santo que inspirou a Biblia e não
quer que utilizemos os dons em desobediência as suas palavras.
Outra objeção afirma que se Deus de fato chamou uma mulher ao pastorado,
ela não deve ser impedida de assumi-lo. A resposta a tal objeção é semelhante
aquela que acabamos de dar: Uma alegação individual de ter recebido um chamado
de Deus sempre precisa ser provada pela Palavra de Deus nas Escrituras. Se a
Biblia ensina que Deus quer que apenas os homens tenham a responsabilidade
principal do governo e do ensino, relativa ao pastorado, a implicação é que a
Biblia também ensina que Deus não chama mulheres para serem pastoras. No
entanto, devemos acrescentar que muitas vezes o que uma mulher discerne como
chamado divino para o pastorado pode ser de fato um chamado para o ministério
cristão de tempo integral e não para tornar-se pastora/presbitera de uma
igreja. Na verdade, existem muitas oportunidades para um ministério de tempo integral
na igreja local e outros lugares, alem do de pastor-mestre/presbítero – por
exemplo, um cargo na equipe ministerial da igreja na área do aconselhamento, no
ministério com mulheres, na educação cristã, no trabalho com crianças,bem como
na área de musica e adoração,ministério com universitários,evangelização,ajuda
aos necessitados e responsabilidades administrativas que não envolvem atuar no
papel de governo sobre toda a igreja, que pertence ao presbítero. A lista de
ministérios pode ainda ser ampliada, pois não devemos impor restrições se a
Biblia não as impõe, mas antes permitir e incentivar a plena e livre
participação das mulheres bem como dos homens em todas essas outras áreas
administrativas.
Mais uma objeção feita é que a ênfase do Novo Testamento é colocada sobre
a liderança que serve, por isso, não deveríamos nos preocupar tanto com a
autoridade, pois essa é uma preocupação mais pagã do que cristã. O próprio
Jesus é o modelo do líder-servo, embora tenha autoridade – e grande autoridade!
Ele é o Senhor das nossas vidas e da igreja. Por analogia, os presbíteros devem
seguir seu exemplo de líder-servo.(Veja 1 Pd 5:1-5); porém , isso não significa
que devam deixar de governar com autoridade, quando a Biblia der a eles tal responsabilidade(Veja 1 Tm 5:17;Hb 13:17;1 Pd
5:5).
Alguns argumentam que, assim como a igreja finalmente reconheceu que a
escravidão era errada, também a igreja de hoje deve reconhecer que a liderança
masculina está errada, sendo uma tradição cultural ultrapassada que deve ser descartada.
Essa objeção, porem, deixa de reconhecer a diferença entre a instituição temporária
da escravidão , que Deus certamente não estabeleceu na criação, e a existência de
uma diferença de papeis entre homens e
mulheres no casamento(e, por implicação, nas relações no contexto da igreja),
que Deus estabeleceu na criação. As sementes para a destruição da escravidão
foram lançadas no Novo Testamento(Veja Fm 16; Ef 6:9;Col 4:1;1 Tm 6:1-2), mas
nenhuma semente foi lançada para destruir o casamento e as diferenças entre
homem e mulher, conforme foram criados. Alem do mais, a objeção pode ser
invertida: é provável que os cristãos que defenderam a escravidão no século XIX
sejam um paralelo mais próximo das feministas evangélicas que hoje usam
argumentos tirados da Biblia para justificar uma conformidade às pressões
extremamente fortes da sociedade contemporânea( naquela época , em favor da
escravidão , e hoje, em favor do pastorado feminino.).
As vezes argumenta-se que Priscila e Aquila , juntos falaram a Apolo,
expondo-lhe com mais exatidão o caminho de Deus (At 18:26). Isso é verdade, e é
uma prova útil que mostra que a discussão informal das Escrituras feita
juntamente por homens e mulheres é
aprovada pelo Novo Testamento; e nisso homens e mulheres tinham papel
significativo na ajuda mútua na compreensão das Escrituras. Uma vez mais, um
exemplo como esse acautela-nos de proibir o que não é proibido pela Biblia, mas
não derruba o principio de que o papel publicamente reconhecido de governar e
ensinar na igreja restringe-se aos homens. Priscila não estava fazendo nada
contrario a esta restrição.
Às vezes faz-se a objeção que é
incoerente permitir que mulheres votem nas igrejas que possuam governo
congregacional, mas não permitir que sirvam como presbiteras. Todavia a
autoridade da igreja como um todo não é a mesma coisa que autoridade dada a indivíduos
específicos na igreja. Quando afirmamos que a igreja como um todo tem
autoridade, não queremos dizer que cada pessoa, homem ou mulher, na igreja tem
autoridade de falar ou de agir em nome da igreja. Portanto, o gênero , como parte
da personalidade do individuo, não é importante para as decisões conjuntas da
igreja.
Outro meio de expressar isso é afirmar que a única questão que estamos
levantando nessa seção é de poder a mulher ser ou não uma oficial da igreja, e
especificamente se ela pode ser pastora da igreja. No sistema congregacional,
pelo qual os pastores são escolhidos
pela igreja, é evidente para todos da igreja que os pastores(presbíteros) tem
um tipo de autoridade delegada que os outros membros da igreja não possuem,
ainda que eles tenham votado naquela pessoa
anteriormente. É o mesmo que acontece em todos os sistemas de governo em
que os oficiais são eleitos: Uma vez que o presidente dos E.U.A , ou o prefeito
de uma cidade é eleito, ele tem autoridade delegada sobre o povo que o elegeu ,
e tal autoridade é maior do que a de qualquer individuo que tenha votado.
A esta altura , também é adequado reconhecer que Deus tem dado muita
percepção e sabedoria tanto a mulheres como a homens, e quaisquer lideres de
igreja , que negligenciarem usar da sabedoria feminina estão agindo de forma
insensata. Portanto , qualquer grupo de presbíteros ou de lideres que tomam
decisões que atingem toda a igreja deve com freqüência definir procedimentos
por meio dos quais a sabedoria e a percepção dos outros membros da igreja,
especialmente a sabedoria e percepção feminina e masculina, possam servir de
auxilio para tomar boas decisões.
9-
Que dizer dos outros cargos da igreja? Toda a
discussão feita até aqui focalizou a questão de a mulher dever ou não atuar
como pastora ou presbítera da igreja. Mas que dizer dos outros cargos?
O ensino Biblico sobre o oficio diaconal é muito menos discutido do que o ensino sobre o oficio pastoral, e o
que está envolvido no oficio diaconal varia consideravelmente de igreja para
igreja. Se os diáconos estão de fato atuando como presbíteros e são a mais alta
autoridade governante na igreja local, os argumentos apresentados acima contra
o pastorado feminino se aplicariam diretamente a tal situação, e concluir-se-
ia que as Escrituras não permitem que as
mulheres sejam diaconisas nesse sentido. Por outro lado, se os diáconos tem apenas
a responsabilidade administrativa delegada para certos aspectos do ministério
da igreja,parece não haver nenhuma boa razão
para impedir que as mulheres atuem como diaconisas. Com respeito as
mulheres serem diaconisas, em 1 Tm 3:8-13, não parece a este autor que esse
texto permita que as mulheres sejam diaconisas da maneira como se define
diácono naquela situação, mas há uma
diferença expressiva de posições entre os evangélicos sobre a interpretação
dessa passagem bíblica, e em comparação com o presbítero é muito mais difícil saber
exatamente quais as funções de um diácono naquela época.
Com respeito aos outros cargos, como o de tesoureiro, por exemplo, ou
outro cargo, como o de ministro de jovens, conselheiro, ministro de crianças,
etc, a única pergunta a ser feita é se
tais cargos envolvem as funções de governo e de ensino reservadas aos presbíteros(pastores),
no Novo Testamento. Se não for esse o caso,todos esses cargos estarão abertos
tanto para mulheres como para homens, pois temos de ter cuidado de não proibir
o que o Novo Testamento não proíbe.
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